23/01/14

Sábado haverá um pós Hugo Soares



Stress
Não quero chocar ninguém. O caso é que há momentos na vida de um cronista em que um cronista daria tudo para poder plagiar uma coisinha qualquer e pronto: estava feito! «Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução.» Drummond,  isso sei eu. Em verdade, porém, vos digo: anda por aí demasiada informação. Demasiada. De desmaiar. Razão tinha José Sócrates quando disse: “O mundo mudou muito nas últimas três semanas” (dou a mão à palmatória). Agora imagine-se isto – o mundo a mudar – mas semanalmente. A acelerar feito cavalo louco, “a galopar, a galopar”, como no poema do Rafael Alberti. 
Impossível processar tudo. Impossível! Prova: mal refeitos ainda da morte de Eusébio e do candente problema do Panteão cadente, sem esquecer a pergunta que nos provocou a todos uma carrada de nervos: onde é que você estava no dia 23 de Julho de 1966?, suspende-se de novo o país na bola do Ronaldo. E quando nos recompúnhamos da bola e do “bocadinho de Ronaldo dentro de nós” (valha-nos Deus!), eis que salta uma inusitada vara de leitões para os lados da Mealhada. Com todas as esperanças já postas na Mealhada, veio finalmente a saber-se que tudo afinal se resumira a uma dose de leitão cobrada a mais por engano, anti-climax tipicamente português (Agarrem-me se não eu mato-o! ou, na versão camiliana, Maria! Não me mates, que sou tua mãe). Siga outro assunto. 
Servirá de assunto o grupo parlamentar do PSD variar entre “co-adoção”/“adopção” e querer um referendo à força? Passo a transcrever a prosa, trimbada e tudo, mas aviso já que, embora tendo cumprido os 12 anos de escolaridade obrigatória que os mesmos (ou similares) que comeram leitões na Mealhada propunham ver reduzidos a nove (isto cada um é para o que nasce...), posso não ter alcançado o português da coisa, ortografia incluída.
Cito: “Projeto de Resolução Nº 857/XII  Propõe a realização de um referendo sobre a possibilidade de co-adoção pelo cônjugue ou unido de facto do mesmo sexo e sobre a possibilidade de adopção por casais do mesmo sexo, casados ou unidos de facto.” Pelas vossas alminhas! 
Redacção à parte, sobre esta mania de referendar certos temas gostaria de invocar Albert Camus, autor morto bastante mais recomendável do que muitos vivaços que por aí andam: “A democracia não é a lei da maioria, mas a protecção da minoria”. Fica para trabalhos de casa.

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