31/05/13

Lomba pode não ter jantado, mas eu juro que ainda não parei de rir


Clicar na imagem para rir, perdão, ler melhor (notícia gamada aqui)

Frase do dia: «As nossas mães não são para aqui chamadas», José Manuel Canavarro, deputado do PSD

Protestos na Assembleia da República.

Um país em que o livro de um poeta esgota num só dia merecia melhor destino.


Sem cinismos, era só. 

A banker is a fellow who lends you his umbrella when the sun is shining, but wants it back the minute it begins to rain.

A frase é de Mark Twain e ganha toda a actualidade quando lemos coisas destas.

Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal «fez ainda questão de lembrar que assim como “uma sapataria na Rua Augusta [Baixa de Lisboa] não calça todos os descalços que lhe passam à frente da porta, só aqueles que podem pagar”, um banco “também só dá crédito a quem tem possibilidade de reembolsar”».

Visto AQUI.

29/05/13

Nem o Marinho Pinto nem ninguém se lembra do momento em que nasceu e se calhar não é por acaso

O Marinho Pinto tem fama (e porventura proveito) de ser um homem truculento e sem papas na língua. Tais características, como quase tudo na vida, não são boas nem más... depende. A sua veemente oposição à co-adopção trouxe-de novo à ribalta.
É sabido que em Portugal se grita muito quando se trata de discutir ideias, o que normalmente é sinónimo de as ideias serem a coisa a que se dá menos importância nas discussões.
Outro aspecto digno de nota é que os portugueses têm alguma dificuldade com as ideias abstractas (não será por acaso que não existe Filosofia Portuguesa), o que em si também não é um mal, já que em nome das ideias abstractas se promovem muitas asneiras.

Dito isto, este post não é sobre a oposição de princípio de Marinho Pinto à co-adopção. É, mais singelamente, um post sobre o texto que ele escreveu sobre "O Momento Mais Belo da Vida", a saber, o momento do parto, o parto dele e o parto de todos nós.
Sem querer fazer teoria, gostaria de dizer ao Marinho Pinto que, tendo a Natureza (que ele tanto respeita e eu também, embora quanto à perfeição discordemos) decidido que eu podia dar à luz, mas ele não, me sinto obrigada a discordar de quase tudo quanto escreve.
O parto, a não ser no caso das mulheres que são abençoadas com partos de meia-hora e está a andar (e mesmo assim...), é das coisas mais desumanas, dolorosas, cruéis e primitivas que podemos registar (Sublime, talvez, mas decididamente a milhas do Belo).
O texto dele até pode ser um delírio poético e/ou uma declaração de amor profundo à própria mãe. Quanto ao resto, é tudo inventado. A começar e a acabar no facto de se lembrar de como nasceu.

Naturalmente, também aqui pode o bastonário estar a saltar para a Metafísica da Vida, referindo-se a um conhecimento teorético mais do que empírico. Mas assim como a Natureza parece levar as mães a esquecer o horror do momento do parto substituindo-o na memória delas pelo momento em que o recém-nascido se aninha nos seus braços (e se assim não fosse, raras seriam as mulheres a repetir a experiência...), convinha que o Marinho Pinto se interrogasse por que raio a Natureza varre igualmente da nossa memória o momento em que chegámos aqui.
Não, ele não se lembra. Nem nenhum de nós se lembra. Talvez porque a Natureza, num momento, esse sim, de sábia e defensiva clarividência, nos queira poupar a tais horrores. O horror de sair para o mundo, rasgados os pulmões, entregues ao frio e à fome.
Para resumir: não me parece que à Natureza interessem para nada os lirismos poéticos e grandiloquentes de Marinho Pinto.

26/05/13

A propaganda não mudou nada desde que o Dr. Goebbels a sistematizou ainda não havia Excel

Encontrei por acaso este filme sobre a pesca do bacalhau à portuguesa, ou seja, sobre homens sozinhos num bote (dóri) a pescar à linha no meio do mar lá para as bandas da Terra Nova.

O filme (com legendas) traça um retrato heróico e idílico dos pescadores, incluí uns acordes de nacional-cançonetismo e discursos oficiais. Mistura, com mestria, verdade, meias-verdades e aldrabice pura (note-se, como curiosidade, que o filme não é do SNI)

Também por acaso, encontrei depois esta entrevista com um embarcado da altura, José Sampaio de Azevedo, o "Bucha", um homem que conta como era a sua vida a bordo da White Fleet (nome da frota de veleiros portuguesa da pesca do bacalhau, cascos pintados de branco não fosse algum submarino alemão, apesar da "neutralidade" de Salazar, bombardeá-los à má fé, o que, aliás, aconteceu apesar da cor imaculada).

Veja (e leia) as diferenças que vale a pena.
E conclua o que (não) mudou com tanto comunicólogo que por aí anda!

25/05/13

Se a Europa [ainda] fosse isto, estávamos safos.

Jacques Canetti é um judeu dos nossos que partiram, sefardita que nasceu na Bulgária, na margem do Danúbio, irmão de Elias Canetti, Nobel de Literatura, que escrevia em alemão mas morreu cidadão britânico, na Suíça. Jacques, esse, tornou-se francês, patrão artístico dos discos Polydor, para proveito do mundo pelo que fez por Brel, que era belga, e Serge Gainsbourg, filho de russos, e por ter convencido o francês, nascido em Reggio nell"Emilia, Itália, Serge Reggiani, então com 41 anos, a começar a cantar. Isto deu: Ma Liberté, Votre Fille a Vingt e Sarah, canções oferecidas por um grego, nascido no Egito, Georges Moustaki. Há uns anos, em 2008, eu escrevi uma crónica sobre Aznavour, que cantara na véspera em Lisboa. Uma crónica sobre um rapaz batizado Shahnourh, filho de arménios, que virou Charles e símbolo de França, porque nasceu num porto, num cruzamento do mundo, em Paris. E dele parti para a canção de há quarenta anos, Le Métèque, que não era dele, era de Georges Moustaki. A canção do meteco, palavra do grego metoikos, como os atenienses chamavam aos que não eram da cidade, que viviam nela mas tinham vindo de longe. Meteco como Moustaki, filho de Alexandria, e que desaguou em França para a inundar de belas canções. Meteco como Aznavour. Este fez 89 anos anteontem. Moustaki morreu ontem. Ambos amantes de Édith Piaf, filha de uma berbere... Onde é que eu estava? Ah, já sei, a Europa. É grande.

Ferreira Fernandes 

A palhaçada: calma, não falo do Cavaco mas do Acordo Ortográfico


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A direita caceteira e revanchista passeia o seu esplendor

Ricardo Salgado: “Portugueses preferem o subsídio de desemprego” (a trabalhar, claro).

24/05/13

Lenine Relvas Martins: há coisas que se fossem inventadas ninguém acreditava

Morte de português na origem dos tumultos em Estocolmo

Eu até percebo que alguém possa considerar que se excedeu no calor de uma conversa, mas fazer queixinhas é feio.


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Ter dinheiro não é tudo mas é bastante

A grande vantagem de se ter dinheiro é poder chamar palhaço ao Cavaco Silva sem nos termos de ralar com o pormenor de como iremos pagar a multa.

"Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva.", Miguel Sousa Tavares. 

Das limitações cerebrais do ministro Vítor Gaspar ou outro nome para a pulhice

Há uma teoria corrente que diz que as mulheres são mais versáteis do que os homens e a prova disso é que as primeiras conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Os exemplos não são particularmente elevados, mas servem: as mulheres seriam capazes de, em simultâneo, pôr a sopa ao lume, tinta no cabelo, falar ao telefone, contar uma história às crianças e pagar contas no HomeBanK, enquanto os machos se estiverem a fazer a barba e alguém tocar à porta é certo e sabido que se esvaem em sangue. 
A teoria vale o que vale, mas garantem os seus defensores que está alicerçada biologicamente numa organização diferenciada do cérebro segundo se trata de um cérebro masculino ou feminino. 

Eu, pessoalmente, tendo a achar que, no que respeita ao funcionamento do cérebro, sabemos pouco mais do que saberiam os nossos antepassados das cavernas, mas o caso de Vítor Gaspar tem-me levado a pôr a hipótese de estarem certos aqueles que afirmam que as mulheres são de Vénus e os homens de Marte, com o Ministro das Finanças a representar um caso extremo vindo de outra Galáxia.

O homem, e isso está patente em tudo o que diz e faz, sofre de uma deficiência patológica: é incapaz de estabelecer relações de complexidade mínima e de se desviar um milímetro do caminho previamente traçado, subindo-o step by step como se fosse guiado pela estrela dos Reis Magos, mesmo se uma multidão lhe grita cá de baixo que a cabana para onde se dirige não é de Jesus mas de Brian.

Vítor Gaspar lembra-me sempre a história do burro do cigano (ou do cavalo do inglês) que quando estava quase a conseguir viver sem comer... morreu.
O problema neste caso é que os burros somos nós, enquanto o Gaspar irá comer certamente para outra manjedoura daqui a alguns meses. É que mesmo que seja burro, parvo não é com certeza. Complexidades cerebrais para as quais não tenho explicação e ele muito menos por motivos óbvios.

Confirmações empíricas (a propósito de empreendedorismo)

Onde mija um português, mijam logo dois ou três.

23/05/13

Esta gente é um nojo!

Que os rapazinhos das juventudes socialistas (até me engasguei...) não saibam quem é o Cónego Melo, até posso perceber. Pelo caminho que isto leva qualquer dia pensam que o Tratado de Tordesilhas foi assinado pelo Durão Barroso. 
Que o Mesquita Machado, esse exemplar do empreendedorismo avant la lettre, queira fechar com chave de ouro a sua presidência da Câmara, também não me surpreende. Afinal, é mesmo como ele diz e foi assim que subiu na vida: "não tem qualquer tipo de significado a ideologia da pessoa”. 
Que o Partido Socialista passe a vergonha de ver a oposição à direita dissociar-se da homenagem e não aproveite para expulsar imediatamente o energúmeno, vá lá... 
Que não haja um grupo de cidadãos que, pelo menos em memória do Padre Max e da jovem Maria de Lurdes assassinados pelo MDLP, movimento de extrema-direita apoiado pelo Melo, não vá lá escaqueirar a merda da estátua, isso ultrapassa a minha mediana inteligência.

Parem as máquinas: Bruxelas libertou os galheteiros!

Vivemos uma época triste. É verdade. Mas, sobretudo, vivemos uma época ridícula. E quando o Estado chega aos galheteiros só nos resta gritar Morte ao Estado e a Quem o Apoiar! No mínimo três vezes, de preferência até que a voz nos doa.

BRUXELAS RECUA NA PROIBIÇÃO DOS GALHETEIROS!


Dia 27 há um novo Herberto: a minha prenda para mim própria no dia do meu aniversário


21/05/13

Passámos do debate de ideias à troca de galhardetes com putos de 16 anos. A infantilização em todo o seu esplendor.

Ao que parece a historiadora Raquel Varela teve um desaguisado com um puto de 16 anos que foi ao Prós & Contras e faz camisolas. Há dias em que agradeço mesmo aos deuses não ter televisão.

Tudo bate certo: Isabel Jonet é convidada oficial dos combatentes no 10 de Junho.

A presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, foi a personalidade escolhida para homenagear a 10 de Junho, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, as mães, mulheres e irmãs dos militares destacados para a Guerra de África nas décadas de 60 e 70 do século passado, mas também daqueles que hoje participam nas missões de apoio à paz

Mais um milagre de Fátima: Cândido Oliveira ofendeu a Santa Madre Igreja e não mostrou arrependimento. Deus, perdão, o Tribunal castigou-o.


"As declarações de Cândido Oliveira contra o Santuário de Fátima e a Igreja Católica surgiram numa contestação no âmbito de um processo movido contra a autarquia em que o Santuário reclama a posse de uma parcela de terreno em Fátima, que o município diz ser do domínio público.
No documento, o jurista teceu várias considerações sobre o santuário, acusando-o de “ganância desmedida, ocupando tudo de borla e deixando as pessoas na miséria”. Referiu também que a igreja deve limitar-se a “rezar sobre os mortos e os vivos e nada mais” e que “os jovens padres nem conhecem o segredo de Fátima”.
Para o tribunal, o arguido proferiu as declarações de “forma livre e deliberada”, “consciente de que iria ofender o santuário”. Tais expressões foram consideradas pela magistrada como “ofensivas da credibilidade”, pois põem em causa a “doutrina defendida pela igreja”.
Segundo a magistrada, as expressões foram alvo de notícia em vários jornais e o administrador do Santuário, padre Cristiano Saraiva, testemunhou no tribunal que foi “interpelado por várias pessoas que se mostraram indignadas e ofendidas”.
A juíza realçou ainda que o arguido não “mostrou qualquer arrependimento”, tendo referido que o teor da contestação era “adequado”, o que demonstra que não interiorizou o crime cometido.
Durante a leitura da sentença, a juíza revelou ainda que o arguido foi também alvo de um processo disciplinar pela Ordem dos Advogados." DAQUI

Não se pode dizer que tenha sido um brainstorming

Sete horas para isto?
Acho que, assim como assim, consigo ter mais ideias em dez minutos fechada na casa de banho.
"Conselho de Estado quer equilíbrio entre disciplina financeira e estímulo à economia.



Vem a meus braços, Ana Cássia Rebelo

"Andavam duas jovens mulheres a cirandar pela livraria. Qualquer coisa no modo como caminhavam lembrava a alegria tola das galinhas criadas no campo: acabam no prato, como as outras, mas têm a ilusão da liberdade e da dignidade. Tinham ar de leitoras do Nicholas Sparks, o que só as enalteceria, mas não eram: uma levava a Serpente Emplumada debaixo do braço e a outra, com uma voz meio fanhosa, cheia de entusiasmo, pediu ao balcão o livro do último prémio Leya. Andaram por ali, largando comentários sobre a essencialidade da literatura nas suas vidas e mostrando a sua relação  íntima com os livros. Até que a mais gorda, arrebitando a crista, abanando o pelancame vermelho da barbela, olhou em redor e cacarejou assim ” Eu, se pudesse, levava a livraria toda!”. Saí, claro está. Fui enfiar-me numa loja chinesa a comprar collants. São mais baratos, a qualidade do fio é a mesma e as cores têm nomes bonitos: muskade, duna, tropical."

Obrigada, Jorge.

18/05/13

Jerónimo tem razão: se Cavaco Silva invocasse em vão o nome de Maria noutros tempos, havia pedrada pela certa.

Jerónimo de Sousa acusa Cavaco Silva do pecado da blasfémia. AQUI.

Vejamos como se resolviam esses assuntos há uns tempos.


Esta Maria é tramada ou falta-lhe um parafuso ou as duas coisas.

«PRESIDENTE INSPIRE-SE EM NOSSA SENHORA

Esta lei tem de ser agora promulgada pelo Presidente da República, que se espera volte a ser iluminado por Nossa Senhora de Fátima e chumbe esta lei, porque (provavelmente) a maioria da população não a quer. Eu, por exemplo, votei na Direita para não deixar passar estas coisas. Se o Presidente votar contra, a lei tem de voltar ao Parlamento e exige-se a presença de TODOS os deputados para a votarem (não se pode faltar). Talvez seja uma possibilidade de isto ser chumbado.», Maria Teixeira Alves.


«Os ignóbeis socialistas e bloquistas vão levar amanhã mais uma vez a adopção de crianças por duas pessoas homossexuais do mesmo sexo que vivam juntas, ao Parlamento. Não se enganem, todas as manifs, todos os Grândolas Vilas Morenas, todos os Galambas e Dragos, todos os actos de terrorismo de interrupção de membros do Governo em actos públicos, têm um único objectivo "dar crianças aos homossexuais".», Maria Teixeira Alves.

Da delapidação à não-depilação

Uma pessoa tenta ter graça. Wit. Presença de espírito. Consciente que nunca chegará aos calcanhares de Dorothy Parker, ser capaz, pelo menos, de alinhavar metonímias ao jeito de Inês Teotónio Pereira. Uma pessoa quer mostrar-se inteligente, sofisticada. Combinar Eça com a praia do Ancão ou, mais a Norte, com a praia de Moledo.
Há uns anos seria fácil. Bastava saber que meias brancas era um horror e pronunciar pasta em vez de massa. A banalização do sushi e, antes do sushi, do salmão, veio complicar tudo, tornando cada vez mais difícil saber "quem é quem".
Os novos-ricos desataram a confundir-se de modo obsceno com os ricos de pedigree, e o bom gosto, esse enfado ao qual tendem a alapar-se todas as almas sem visão, vingava, at last!, enterrada para sempre a fase inenarrável (uma palavra cheia de pedigree…) dos “azulejos casa de banho” que davam lugar aos mármores e outros materiais nobres.
A crise veio repor as coisas no seu lugar. Enterrado provisoriamente o machado de guerra, a luta de classes retorna à cena e o Povo volta a comer frango com as mãos.
O empobrecimento galopante do país leva o governo a fazer um update das profecias de Manuel Pinho, adaptando o Portugal West Coast à nova realidade: de West passamos para East.
Em resumo: se sobre os reformados portugueses pesa o cutelo das taxas, deslocada a fronteira intransponível do CDS para ponto cardeal desconhecido, já os reformados estrangeiros ficam isentos de IRS em Portugal, esperando a AR com esta medida transformar isto (que nome dar a isto?) na “Flórida da Europa”, abandonada a Califórnia.
Chegados aqui, resta às mulheres patriotas deixar crescer o buço de antanho, o que nos tornará decerto mais pitorescas e o país mais apelativo e mais rico.

16/05/13

A book a day keeps the doctor away, e este livro é maravilhoso


"De todos modos, ¿no cayó en la misma tentación el rabino Ben Zwi al ver en una carnicería cristiana un jamón de Praga rosado y fresco?
- ¿A cuánto es este pescado? - le preguntó al carnicero.
- No es pescado, sino jamón de Praga.
- No te pregunto cómo se llama el pescado, sino a cuánto sale...."

14/05/13

Alguém tem de ser internado: ou ele ou nós.

«Foi tomada uma decisão muito importante para o nosso futuro, que foi colocar atrás das costas, finalmente, a sétima avaliação - não se fala noutra coisa há quase um mês - e penso que foi uma inspiração - como já a minha mulher disse várias vezes - da Nossa Senhora de Fátima, do 13 de maio», Cavaco Silva.

Juro pelas alminhas que julguei que a notícia era a gozar

E tem vídeo e tudo. . 

Conversas imaginárias


– Spider man! Ao seu serviço.
Assim mesmo. Sem mais. Spider man! Ao seu serviço. Escanifrado, um exagero de pernas. Ginga à minha frente pela rua de costas ligeiramente encurvadas, um boné descolorido dos Yankees enterrado na cabeça. Quando retomamos a fala, entrados na oficina, uma caverna platónica a que os olhos demoram a acostumar-se, dispara sem mais preâmbulos: «You talkin’ to me? You talkin’ to me?» Depois ri e conclui: «Sister, pergunte lá o que quer saber». 

11/05/13

Isto não está nada bonito

Não é preciso entender a estética da Teoria das Cordas, para entender que estamos com a corda ao pescoço. Como não é necessário perceber de Política Monetária para perceber que o dinheiro tem de estar por aí algures. Por muito complexos que sejam a astronomia, a economia e, demos de barato, o Excel, subtrair é fácil e não carece de muletas. 
Já o convívio com Shakespeare não se pode dizer despiciendo. Porque, se é verdade que nada ajuda tê-lo lido quando o assunto são contas, para decifrar a natureza humana, o "Rei Lear", por exemplo, mostra-se bastante útil.
Mas se as tragédias são intemporais, nem por isso todos os vilões se equivalem. Vivemos tempos de vilões videirinhos, pulhas copinhos de leite, bandidos de colarinhos imaculados. Nenhum deles arrisca coiro ou cabelo, a casa da mamã de portas escancaradas algures – Bruxelas, Washington, Suíça, Bermudas e etc. Al Capone era um facínora respeitável ao lado desta gente de mãos nunca chamuscadas pela pólvora.
Se não vivemos anos de chumbo, vivemos anos de lixo. O dinheiro que, afinal, era lixo, políticos que são um lixo, “comunicólogos” que vendem lixo, governantes que nos tratam como lixo. No meio de tanto entulho, vem com certeza a propósito uma frase que roubo a Jorge Fallorca, que, por sua vez, cita um pantomineiro pintor que se queixava da crítica: “Eu bem sei que não sou nenhum Leonardo Da Vinci, mas esta merda também não é a Itália do Renascimento.”
Isto não é a Itália do Renascimento. A própria Itália não é a Itália do Renascimento. Renascimento, aliás, não há. Antes a decadência induzida daquilo que mais decente Deus ao mundo deitou: a Europa do pós-guerra. Os coveiros são da casa. Sobretudo, que Deus não lhes perdoe porque sabem o que fazem.

09/05/13

Os obsessivos-compulsivos

Gente com a mania do controlo. Gente que se dá mal com o caos da vida. Gente que se toma por Deus. Gente que descompensa com todas as excepções. Gente que entra em pânico com todas as transgressões. Gente sempre bem-intencionada que só quer o nosso bem. Gente que legisla a vida e a morte e rebenta de amor à Humanidade. 
Em Portugal, um bom exemplo - à nossa medida - é a deputada Helena Pinto, BE, promotora dos clubes sociais de cannabis. Lá fora, e dando outra dimensão à coisa, os eurocratas, fazedores patológicos de leis a quem nada nem ninguém escapa, nem uma pobre sementinha. Olha o negócio. Que mundo este com ponto de exclamação e tudo!

Entre para um elegante clube social de cannabis AQUI.
Saiba como vai o negócio das sementes na UE AQUI

COM MÚSICA ADEQUADA QUE NÃO QUERO QUE VOS FALTE NADA



07/05/13

Só tenho uma dúvida, se eu não gostar de comer frango com as mãos mandam-me para um campo de reeducação na Coreia do Norte?

José Luís Peixoto gosta do seu povo. E é por me comover que ele goste tanto do seu povo que dedico ao Peixoto este poema que o Mário Cesariny dedicou às gentes que gostam do seu povo.

Vamos ver o povo
Que lindo é
Vamos ver o povo
Dá cá o pé

Vamos ver o povo
Hop-lá!
Vamos ver o povo

Já está.

A declaração de amor ao povo de José Luís Peixoto pode ser lida aqui

04/05/13

Escrita Automática

25 de Abril. 1º de Maio. Já só falta o 10 de Junho e o 5 de Outubro. Chegaremos lá? Não sei. Como também não sei se será feriado nessas datas por via de termos de trabalhar muito para abater o défice. 
Fui ver. Supermarket Day comedido. Luís de Camões, 1; José Relvas, 0. Nada de abébias, oh Afonso Costa! 
Os jardins do Palácio, viste-los. Não abriram a 25 Abril, que a tradição era a República e, sem República, só se for lá para o Natal, algum presépio da devoção de Maria. Quanto aos jardins de São Bento, talvez para a Nini, já que não admitiram a Grândola: mandou dizer o primeiro-ministro que estavam em obras. 
E assim vamos de clorofila… 
Ali na Ribeira das Naus, por exemplo, foram 18 árvores de uma vez que Salgado não faz a coisa por menos. Segundo percebi, tratou-se de “danos colaterais”. Ninguém me tira da cabeça, porém, que o referido vereador sofre de febre dos fenos. Ou isso, ou botanofobia. No meu caso é mais estupofobia - medo de pessoas estúpidas - mas longe de mim armar-me em inteligente. 
A propósito: ainda não percebi o que são swaps, muito menos a diferença entre swaps tóxicos e exóticos. É como isto: “Neste enquadramento, sobrevindo ainda a responsabilidade de diálogo e de rememoração intergeracional que nos incumbe, assumindo que os projetos e discursos políticos e de cidadania, seja sobre questões humanas e sociais, seja sobre questões de macroeconomia, que dominam no contexto atual, devem evidenciar que as políticas corporalizadas por assimilação das perspetivas implícitas à diversidade são um fator determinante para o progresso humano, político, económico e social das sociedades.” (in “Projeto de Resolução 637/XII PSD/CDS-PP”). Novilíngua ou processador de texto automático? 
Pobre Camões. Miserável 10 de Junho.

Imaginem este governo num país de clima frio

Imagem do dia


Roubada daqui.